Existe no mercado financeiro uma série de profissionais especializados em ajudar quem quer investir. São consultores, gestores, planejadores, operadores… Mas qual é exatamente a função de cada um, e o que diferencia o trabalho deles? Há diversas diferenças entre as profissões – algumas são, inclusive, regulatórias. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), entidade que regula o funcionamento do mercado de capitais, estabelece os limites de atuação de muitas delas. Outras estão submetidas a códigos de autorregulação criados por associações e instituições desse tipo.
Planejador financeiro
Não sabe o que fazer com o dinheiro, ou com a falta dele? É possível que um planejador financeiro consiga ajudar você. Ele é um profissional especializado em avaliar as expectativas e as necessidades de cada pessoa, e ajudá-la a dar um rumo para suas finanças. Não trata apenas de investimentos, mas também de gasto e poupança, planos de curto e de longo prazo, dívidas e aplicações financeiras. O papel desse profissional é avaliar os objetivos de cada cliente e desenvolver estratégias de planejamento financeiro adequadas ao seu perfil. Um planejador financeiro pode ou não ser certificado com a marca Certified Financial Planner – ou CFP – mantida pelo Financial Planning Standards Board (FPSB). A instituição é responsável pela divulgação, gerenciamento e controle do uso da marca CFP pelo mundo. Ser um planejador financeiro com a certificação CFP significa ter uma espécie de “selo de qualidade” profissional. Um profissional com CFP pode tanto atuar de forma independente, como um consultor, quanto trabalhar em grupos financeiros, seguradoras e entidades de previdência, entre outros. Para conseguir a certificação, é preciso ter conhecimentos técnicos, formação acadêmica, experiência profissional e postura ética.
Assessor de investimentos ou agente autônomo de investimento (AAI)
Se você é cliente de uma corretora, talvez já tenha tido a oportunidade de interagir com agentes autônomos. São pessoas que atuam como “representantes comerciais” das instituições financeiras. Cabe a esses profissionais captar clientes, receber e registrar as ordens de investimentos, além de prestar informações sobre os produtos e serviços oferecidos pelas instituições financeiras. Não é seu papel recomendar investimentos, por exemplo. “Um agente autônomo pode apresentar o portfólio de produtos que a corretora a que está vinculado oferece, de acordo com o perfil de investidor dos clientes que atende. Mas a responsabilidade pela análise dos ativos não é dele, e sim da corretora”, explica Giovana de Biase, da área de Wealth Service da XP Investimentos. Segundo a CVM, cabem aos agentes autônomos tarefas como apresentar o mercado aos investidores, explicar as características dos produtos, cadastrar novos clientes, receber as ordens e transmiti-las para os sistemas de negociação, além de esclarecer dúvidas práticas. Por outro lado, eles não têm autorização para administrar a carteira dos investidores, operando os seus recursos por conta própria.
Consultor de investimentos
O papel do consultor de valores mobiliários – ou consultor de investimentos – é orientar, aconselhar e oferecer recomendações sobre investimentos no mercado de valores mobiliários. Ao fazer sua avaliação sobre os melhores caminhos a serem adotados pelos clientes, o consultor deve levar em conta suas necessidades, interesses, preferências e perfil de risco, de forma personalizada. Seu aconselhamento envolve tanto indicar os melhores ativos, na sua avaliação, para cada cliente, quanto atuar na seleção de gestores e outros prestadores de serviços no mercado financeiro. Um detalhe importante: embora recomende, um consultor não pode realizar os investimentos pelo cliente. É o próprio investidor quem precisa efetivar a compra de ações, a aplicação em títulos bancários, a aplicação em fundos ou no que quer que seja. A decisão sobre adotar ou não a estratégia recomendada é sempre uma prerrogativa do cliente, e não do consultor. O consultor também deve evitar situações com potencial para gerar conflitos de interesse e atuar com independência. Tanto é que esse profissional não deve ter vínculo direto com nenhuma instituição financeira. Além de ser claro com os clientes a respeito das recomendações, o consultor não deve prometer a eles qualquer garantia de resultados, nem omitir informações sobre os riscos envolvidos no seu trabalho. Normalmente, é remunerado por meio de uma taxa (fixa ou percentual) cobrada diretamente dos investidores que atende.
Gestor de patrimônio
A principal diferença entre um consultor de investimentos e um gestor de patrimônio – que precisa se credenciar na CVM como administrador de carteiras – é o fato de que o gestor pode ser autorizado a realizar aplicações financeiras em nome do investidor. O gestor de patrimônio se responsabiliza por algumas decisões nessa relação, como os tipos de produtos financeiros que farão parte da carteira que administra para o investidor, em que proporção, quando os ativos serão comprados ou vendidos e a que preço, entre outras. Para tanto, ele precisa considerar políticas de investimento que tenham sido definidas em conjunto com seu cliente anteriormente, o risco de cada aplicação, o ganho em potencial etc. A figura do gestor de patrimônio é comum nos escritórios de investimento voltados ao público de alta renda. Ele costuma ser remunerado por meio de uma taxa de administração percentual aplicada sobre o valor do patrimônio sob sua gestão. Em alguns casos, também recebe uma taxa de performance, embolsando parte dos ganhos que excederem um determinado nível de referência. “Não podem receber outros tipos de benefícios, como uma comissão adicional pela venda de um produto”, explica Giovana, da XP.
Gestor de fundo
Do ponto de vista da regulamentação do mercado, um gestor de fundo deve cumprir obrigações semelhantes às de um gestor de patrimônio. Ele também precisa se credenciar na CVM como administrador de carteiras, por exemplo. A diferença está exatamente no tipo de carteira que vai administrar e na relação que tem com os clientes. Enquanto o gestor de patrimônio tem uma atuação mais personalizada, criando estratégias voltadas para o patrimônio de um cliente específico, o gestor de fundo se dedica a um produto. Seu trabalho é decidir que ativos comprar ou vender, quando e em que quantidade, a partir da política de investimento de um fundo oferecido para centenas ou até milhares de investidores diferentes.
Analista de investimentos
Sabe aquele relatório que chega da corretora indicando se é ou não um bom momento para comprar as ações de uma certa empresa? Quem escreve esse tipo de material é o analista de investimentos – ou analista de valores mobiliários, nos termos técnicos do mercado. Esse profissional tem a função de elaborar análises publicadas e divulgadas ao público, com o objetivo de ajudar os investidores a tomar decisões de aplicação. As análises podem assumir diferentes formas: podem ser relatórios de acompanhamento, estudos ou outros textos sobre um ativo específico ou sobre um emissor, de modo geral. Apresentações, vídeos, reuniões, conferências pelo telefone e outras exposições públicas também entram nessa conta. Os analistas não podem, por exemplo, sugerir que os investimentos que avaliam têm rentabilidade garantida ou são isentos de risco. Para atuar como um analista de investimentos, é necessário ter um credenciamento previsto pela CVM. Segundo o regramento, um analista precisa ser aprovado em um exame de qualificação técnica, aderir a um código de conduta profissional, ter curso superior e reputação ilibada. Atualmente, a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) conduz esse processo.
Broker
Os brokers são os operadores que trabalham nas corretoras de valores fechando as ordens de compra e venda que os clientes querem realizar no mercado. Normalmente, o trabalho deles envolve os maiores investidores – como fundos, bancos e empresas – conhecidos como institucionais. Já que movimentam somas muito grandes de dinheiro, esses clientes precisam da ajuda de um broker para realizar as operações nas melhores condições possíveis e sem distorcer os preços dos ativos. Um broker pode atuar nas diferentes “mesas” mantidas pelas corretoras, que são as áreas que operam diferentes tipos de ativos.
Fonte: Infomoney